A POLISSEMIA DA VIVÊNCIA E DA SIGNIFICAÇÃO DO FENÔMENO DE OUVIR VOZES
Palavras-chave:
Audição de Vozes. Pesquisa Bibliográfica. Modelo Biomédico. Movimento de Ouvidores de Vozes. ReligiãoResumo
A compreensão do fenômeno de ouvir vozes é hegemonicamente reconhecida na atualidade como sintoma de uma doença mental. Porém, esta é uma vivência que contém muitos significados. Sendo assim, é necessária a discussão do fenômeno de ouvir vozes para além da perspectiva biomédica. Este artigo objetiva discutir três perspectivas teóricas acerca do fenômeno de ouvir vozes: Modelo Biomédico, Movimento de
Ouvidores de Vozes (MOV) e Religiosa. O método utilizado foi a pesquisa bibliográfica, selecionada para que fossem exploradas as concepções teóricas de cada uma dessas perspectivas a partir de artigos científicos e livros acerca do objeto de estudo. A perspectiva religiosa ressalta uma compreensão sobre esse fenômeno a partir de um contexto religioso, a partir de uma perspectiva coletiva da experiência. O MOV busca despatologizar a experiência e a busca pela compreensão de seu significado a partir do próprio ouvidor. Em relação ao entendimento acerca do fenômeno, a perspectiva biomédica enuncia ao sujeito o significado da experiência vivenciada e a terapêutica que busca a retirada do sintoma. Em contraposição, o MOV constrói junto ao sujeito formas para lidar com a audição de vozes. Conclui-se que todas as concepções mencionadas
têm sua importância no apoio aos ouvidores de vozes e que há possibilidade de diálogo entre elas. Entretanto para que isso ocorra, é necessária abertura para a compreensão de que este é um fenômeno que pode ser experienciado de muitas formas e possuir vários significados para o sujeito.